“A lua é o imenso relicário do céu, onde Deus todas as noites delicadamente nina a luz do dia.” (Lu Tostes)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Pólen

   (para Nanda)


   Não há 
   canteiros perfeitos
   e nem só
   de água, sol e chão
   flor carece 
   para germinar.

   Lança a alma 
   ao espaço
   que margaridas 
   também traçam
   longos caminhos
   pelo céu.

   Elas começam 
   a brotar
   no exato instante
   em que se deixam
   carregar
   pelo vento.

   Lu Tostes






Imagem: Google

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Tua

(para Pê)


   
     Eu poderia dizer que sou tua
     em razão do teu riso,
     das flores, 
     que enfeitam domingos,
     da harmonia que trazes 
     para minha canção.


     E poderia até ser
     por esse jeito 
     todo teu 
     de amor generoso,
     de quem cuida de si, 
     cuidando do outro.


     Mas é por estares aqui
     com tuas mãos, 
     que libertam, 
     enquanto abrigam,
     que, sendo mais eu, 
     torno-me ainda mais tua.


     Junto a ti,
     minha alma 
     mais alto voa,
     ganhando toda 
     sua força
     na amplidão.

      Lu Tostes







Imagem: Nicolas Gouny

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Do que fica

(ao sorriso de João)


    
    Somos todos feitos
    desse mesmo barro,
    voltado ao pó
    e à nanopartícula
    do átomo.


    Anos,
    décadas se passam
    até que a tenra semente
    se transforme 
    no carvalho centenário.


    Mas quando se entrega
    o forte ao chão,
    dizem os olhos 
    de quem fica:
    tomba no meu colo!


    Outros 
    sequer pousam: pássaros.
    Condensam 
    seu breve fio de vida
    no tempo
    de um pensamento.


    (E ainda assim
    sobrevivem intactos
    no perfume do jasmim.)


    Lu Tostes


Imagem: www.weheartit.com